Irmã Inês Barzaghi nasceu perto de Milão (Itália) no dia 3 de Setembro de 1944. Fez a primeira profissão como FMA na Itália, em 1969. Faleceu em Luanda no dia 23 de novembro de 2023.
Irmã Agnese (ou Irmã Inês, como era chamada por todos aqui em Angola) nasceu numa família excepcional, com profundas raízes cristãs: três irmãos e três irmãs, todas três religiosas. Além da Ir. Inés, a mais nova da família, Maria, também é Filha de Maria Auxiliadora. Já Pierina é freira da Congregação do Bom Pastor e mora na França.
Na sua vila frequentava o Oratório, muito salesiano, embora paroquial, e ali também cresceu a vocação de Inés. Iniciou a formação em 1967 e no mesmo ano passou para o Noviciado de Missaglia onde, em 5 de agosto de 1969, emitiu os primeiros votos. Viveu o percurso de formação, na cidade de Lecco, com serenidade e entusiasmo.
Em 1971 obteve o diploma de Assistente Educadora em Turim. Mais tarde, trabalhou como ajuda-tesoureira. Após obter o Diploma de Contabilidade em Milão, em 1977, passou a dedicar-se com paixão ao ensino nos Cursos de Formação Profissional, primeiro em Milão e depois em Cinisello.
Irmã Agnese, porém, sentiu fortemente o chamado missionário e respondeu ao convite para o Projeto África. Em 1986 chegou à Casa Geral em Roma para o ano de preparação. Depois de alguns meses no nordeste do Brasil, para aprender português, no dia 5 de outubro de 1987 partiu para Angola, integrando a segunda expedição missionária das FMA. Naqueles tempos difíceis de guerra civil, preparava-se a segunda presença em Cacuaco. Foi aqui que Irmã Inês trabalhou arduamente, como formadora e gestora de cursos profissionais e, ao mesmo tempo, como ecônoma da comunidade, até 1995.
Em 1996 foi transferida para Moçambique (os dois países então formavam uma única Província religiosa), onde permaneceu até 2000, trabalhando como administradora no Centro Profissional de Maputo. Depois trabalhou em Changara, como tesoureira e gestora dos Cursos Profissionais.
Em 2002 regressou a Cacuaco (Angola) com as mesmas tarefas. Em Luanda trabalhou em cursos profissionalizantes, na catequese e na animação litúrgica das comunidades vizinhas. De 2009 a 2018 dedicou-se à missão de Calulo (Libolo. Kuanza Sul), onde trabalhou como ecônoma da comunidade, catequista apaixonada e líder de grupos, até nas aldeias. Nos últimos anos, teve que enfrentar problemas de saúde, tanto que teve de se submeter a diversas operações aos joelhos. Embora os médicos a tenham aconselhado a ficar em Itália para ser melhor cuidada, a sua paixão missionária fê-la regressar a Angola.
Na comunidade “Beata Maria Romero”, no Zango 3, na periferia de Luanda, com menos forças físicas, mas com o mesmo espírito ardente de sempre, dedicou-se ao apostolado com os adultos, à catequese, à animação dos grupos de oração, especialmente do grupo ADMA. Como religiosa e no seu serviço como ecônoma, foi muito pronta e generosa na resposta às necessidades das irmãs e da missão. Muito sensível às necessidades dos pobres, dedicou-se a eles com atenção e procurou benfeitores para poder ajudar a muitos, com verdadeira caridade.
De carácter nobre e forte, formado numa profunda espiritualidade cristã, tinha grande capacidade de perdão: não dava atenção às ofensas e às feridas. Cuidou da sua vida espiritual na fé.
com a oração pessoal, a fidelidade ao sacramento da reconciliação e às leituras espirituais. Lia com prazer os documentos da Igreja e as palavras do Papa, valorizava muito as circulares da Madre e participava ativamente nos encontros comunitários. Quando chegou o momento da prova, com fragilidade física cada vez maior, não desistiu. Ela continuou ativa e presente em todas as atividades comunitárias e apostólicas, dando a sua contribuição até o último suspiro. |
Amante do rosário, inculcou a devoção mariana nas pessoas que participavam dos movimentos apostólicos, por onde passou. Mulher do povo, soube ouvir, aconselhar e encorajar
No mês de outubro participou com profunda gratidão nas celebrações dos 40 anos de presença das Filhas de Maria Auxiliadora em Angola, embora não estivesse muito bem. Ele confidenciou a uma amiga que seu tempo estava se esgotando. De facto, apenas duas semanas depois, sentindo-se doente, foi internada na Clínica “Girassol” em Luanda, onde completou a sua oferenda com fé e paciência. Tinha dificuldade para falar, mas nunca parava de agradecer a quem a visitava. Preparou-se para o encontro definitivo com a misericórdia de Deus recebendo o sacramento dos Enfermos.
Nos deixa o exemplo de uma vida totalmente entregue ao Reino, de uma mulher generosa sem calcular esforços. O amor que semeou foi derramado sobre ela nestes dias de despedida final com a presença de inúmeras pessoas em oração.
Que o Senhor a receba em Seu Reino e a recompense pela sua doação incansável. O muito bem semeado com simplicidade e sorriso na nossa Vice-Província e na Igreja, pela qual ela ofereceu tudo de si, faça florescer vocações serenas e fiéis até o último suspiro, como ela foi.
Ir. Natália Miguel,
Superiora da Visitadoria ‘Rainha da Paz’